Inovações Caóticas

Posted by | April 1, 2014 | Artigos, Inovação | No Comments

Muitas pessoas podem ficar surpresas em saber que todas inovações veem do caos, que inovação é na verdade um típico exemplo de um processo caótico. Porque caos é exatamente o que nós evitamos quando projetamos ou interagimos com um novo sistema. Mas, da mesma maneira que o caos cria furacões, rios, congestionamentos ou vasos sanguíneos também cria inovações.

O conceito cientifico de caos se refere a interconexão que está presente em eventos aparentemente aleatórios. Está relacionado aos padrões que não somos capazes de perceber, uma ordem que nós ainda não entendemos, ou como o grande físico teórico David Peat coloca “caos e chance não significa a falta de lei ou ordem, mas sim a presença de uma ordem que é tão complexa que está além da nossa capacidade de entender ou descrever”.

A teoria do caos nos ensina que as pequenas coisas importam. Que coisas aparentemente insignificantes acabam assumindo um grande papel a medida que o tempo passa. Que complexidade pode surgir da simplicidade da mesma forma que simplicidade pode gerar complexidade. Também nos ensina que a realidade não é tão binaria como estamos acostumados a pensar – mente e corpo, teoria e pratica, vida e morte, vencedor e perdedor, criativo e medíocre.

Caos nos ensina que tudo está em fluxo. Nós geralmente pensamos tudo em termos de estágios de um inicio para um fim. Nós cegamente acreditamos em nossos planos. Que nós planejamos, executamos e medimos tudo em sequencia, e que ao final de um plano e sua implementação tudo acaba e fica perfeito. Nós simplesmente não estamos acostumados a pensar em ciclos e fluxos.

Inovação não é um evento aleatório. Ainda que tenha muitas variáveis e seja imprevisível, fundamentalmente inovação envolve a descoberta de uma nova ordem. Inovação é uma ordem que emerge em nossas cabeças. Não emerge na tecnologia ou nos processos, mas até então, apenas nas mentes das pessoas. Assim, inspirado pela natureza caótica de nossas mentes eu gostaria de sugerir três coisas ‘práticas’ que eu acredito pode nos ajudar a perceber novas ordens e inovar com mais frequência.

Primeiro, mais tempo para nossas mentes – mais tempo para pensar. Eu vejo as pessoas em grandes organizações cada vez mais ocupadas com atividades mecânicas que envolvem competências analíticas mas não ajudam a ir fundo nas questões e no desenvolvimento de competências conceituais. A maior parte do nosso tempo é gasto em e-mails e reuniões. Nós temos que entender que pensar também é trabalho.

Segundo, sensibilidade para pequenas coisas – com mais tempo para pensar temos que desenvolver uma profunda sensibilidade para perceber as motivações e os níveis de energia das pessoas; assim como sensibilidade para sentir o contexto. Para reduzir o atual nível de ansiedade e alcançar um estado de alerta capaz de perceber as nuances e sutilezas do sistema.

E por último, humildade – com mais tempo para pensar e mais sensibilidade nós veremos quão pouco nós sabemos. E assim, devemos nos tornar mais humildes e estar mais preparados a viver com duvidas e incertezas. Também, precisaremos desenvolver mais honestidade e estar mais preparados para colaborar e dialogar com os outros. Pois, a mais importante lição do caos é exatamente esta, que em um nível mais profundo, tudo está conectado a tudo.

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