2017 March

Resenha: A Inovação Holográfica

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A Inovação holográficaCharles Bezerra, designer, professor-doutor e conferencista, volta a falar de inovação em seu novo livro, A Inovação Holográfica, trazendo contribuições de pensadores que vão do físico David Bohm, ao escritor Aldous Huxley e ao educador Paulo Freire, do filósofo Wittgenstein a Ariano Suassuna, e muitos outros. Afinal, como ele mesmo define, a inovação precisa entre outras coisas de um sistema de ideias para se desenvolver. Como bom acadêmico, revela todas as suas fontes para aqueles que, curiosos, se sentirem provocados a buscar este conhecimento no original.

Sabe o efeito borboleta? – aquela teoria científica que uma ocorrência singular, não importa o quão diminuta, pode alterar o curso do universo para sempre – pois é, desse tipo de interconexão é que se está falando aqui. Tudo colabora para o sucesso ou insucesso da inovação e portanto deve-se levar em consideração o maior número de fatores direta ou indiretamente envolvidos. No livro, ele argumenta que a inovação não é um fato isolado, mas antes ela é dependente de cada parte envolvida, do contexto, da história, do momento, de um todo construído – de um ‘holos’ (em grego: ὅλος – o todo, inteiro, completo). Com isso ele defende que a inovação seja compreendida no seu aspecto ‘holográfico’, como um registro da totalidade. Segundo ele, inovar é “empacotar abstrações” – tornar explícito o conhecimento tácito e/ou implícito, acumulado por gerações, e portanto, nunca é um ato individual. Charles nos lembra o quanto que importantes inovações disruptivas foram muitas vezes no passado a consolidação de saberes ubíquos, de algo que surgiu porque as condições para isso estavam colocadas e irromperam frequentemente em mais de um lugar quase ao mesmo tempo. Foi assim com a fotografia, foi assim com o avião.

“Assim, o conceito da Inovação Holográfica sugere um novo jeito de pensar e realizar atividades de design; uma maneira de inovar que leva em consideração toda a complexidade e interdependência dos agentes, onde tudo está interligado, em movimento, e coisas aparentemente insignificantes podem fazer toda a diferença.”

Ao longo do livro, Charles aponta alguns elementos que movem e potencializam a inovação – não como fórmulas, mas antes como reflexões sobre como nos mantermos abertos. No capítulo final, propõe um modelo conceitual que permite enquadrar as empresas desde o patamar operacional mais elementar, no qual os fatos e objetos dominam, até o patamar filosófico – o mais elevado – aonde inovar é algo que naturalmente faz parte do sistema e não representa esforço adicional – acontece porque deve acontecer. O livro é portanto indicado para todos aqueles que procuram entender e refletir sobre o processo da inovação, seja no ambiente de projetos ou no ambiente empresarial. Além disso permite diferentes leituras e diferentes aprofundamentos, dada a riqueza de citações e referências que ele traz. Leia, inove – registrando o todo – holograficamente.

– Gabriel Patrocinio, fevereiro de 2017